offer swiss eta movement rolex replica.

how many sex doll are many annually?

Pedro Magalhães

Bases sociais das intenções de voto em 2023

Foram conduzidas quatro sondagens ICS/Iscte ao longo do ano passado (março, maio, setembro e novembro). Quando se quer perceber qual a relação entre a pertença a determinados grupos sócio-demográficos e o voto (ou, neste caso, a intenção de voto), um problema habitual, especialmente no estudo de opções de voto menos prevalecentes, é a dimensão da amostra. Por isso fiz o exercício de fundir as quatro bases de dados numa única, presumindo que as bases sociais destas intenções de voto não se terão alterado dramaticamente ao longo do ano. Ficamos com mais de 3.500 inquiridos.

O passo seguinte foi estimar um modelo multinomial com a intenção de voto como variável dependente ou explicada (colapsando PSD + CDS em AD e os partidos mais pequenos de todos em “Outros”) e as seguintes variáveis explicativas: sexo, idade (e idade2, para estimar efeitos não-lineares), grau de instrução mais elevado que se completou (“menos que secundária”, “secundária” e “superior”), conforto com o rendimento (“baixo” — se se vive com alguma ou muita dificuldade com o rendimento disponível — ou “alto” — vive-se com conforto ou “dá para viver”), sindicalização (actual ou passada vs. não sindicalizados) e frequência de serviços religiosos (regular — uma vez por semana ou mais — ou irregular ou nula), assim como efeitos fixos para cada sondagem.

A seguir, pode estimar-se a probabilidade ajustada média de se ter seleccionado cada uma das intenções de voto de acordo com a pertença a diferentes grupos. Por exemplo, é possível estimar a probabilidade de homens e mulheres terem declarado cada uma das intenções de voto “controlando” (mantendo constante) os efeitos das restantes variáveis. Ou seja: independentemente da sua idade, do seu nível de instrução, do seu conforto com o rendimento, de serem ou não sindicalizados, da frequência com que participam em serviços religiosos ou de a sondagem ter sido realizada em março, maio, setembro ou novembro, qual a probabilidade prevista de homens e mulheres ter declarado cada uma das intenções de voto? O gráfico abaixo responde a esta pergunta.

Há apenas duas opções onde aparecem diferenças significativas entre homens e mulheres. Na opção pelo Chega, claramente mais frequente entre os homens do que entre as mulheres; e na opção “Não sei” — os chamados “indecisos” —, mais frequentemente escolhida por mulheres do que por homens. Em todos os restantes casos, as diferenças não são significativas, pelo menos que toca às “intenções” (pode não vir a ser assim no voto propriamente dito, obviamente).

Os resultados sobre a idade aparecem em quatro gráficos diferentes. O primeiro reflecte a relação entre ter-se uma determinada idade (em intervalos de 5 anos) e a probabilidade de declarar tencionar votar no PS, na AD ou no Chega.

Entre os mais jovens de todos, é mais provável que declarem tencionar votar na AD ou no Chega do que no PS. Depois, a forte relação entre idade e a intenção de voto na AD e (especialmente) no PS impõe-se, com o segundo a ultrapassar a primeira por volta dos 50 e poucos anos. Pelo contrário, a probabilidade de tencionar votar Chega diminui com a idade (mais uma vez, repito, controlando o efeito das restantes variáveis sócio-demográficas).

A probabilidade de tencionar votar BE e (especialmente) IL é, como já se sabia, maior entre os mais jovens do que entre os mais velhos, sucedendo o oposto com a CDU.

Mesmo juntando as bases de dados, os números aqui são baixos, causando intervalos de confiança enormes. Mas a relação entre a idade e a intenção de voto quer o PAN quer nos “Outros” é clara e negativa. No Livre, um padrão algo distinto, mas mesmo assim com apoio muito residual nas idades mais avançadas.

Mais jovens, mais indecisos. Este “não votaria”, claro, não pode ser confundido com qualquer previsão de abstenção. Quem não vota também responde menos a sondagens, e mesmo que responda muitas vezes acaba por não votar mesmo tendo declarado uma intenção de voto (o que sucede especialmente entre os mais jovens).

O rendimento aqui é abordado de forma “subjectiva”: qual o grau de dificuldade ou de conforto com que se sente viver com o rendimento de que se dispõe?

As diferenças não são significativas. Recordem que isto não quer dizer que diferentes grupos de rendimento, mesmo medidos de forma “subjectiva”, não tencionem votar de maneira diferente. Quer apenas dizer que, quando controlamos os efeitos de outras variáveis, o grau de conforto com o rendimento não tem efeitos claros. Nomeadamente quanto controlamos o efeito da instrução:

A probabilidade de tencionar votar PS é significativamente mais alta entre quem não completou o secundário do que entre quem o completou ou mesmo quem tem ensino superior, mesmo quando tomamos em conta o efeito da idade e de outras variáveis. Na AD, na IL, no BE e no Livre passa-se o oposto: quanto maior o nível de instrução, maior a probabilidade de tencionar votar nestes partidos (mesmo que no BE e no Livre a diferença entre secundário e superior não seja signficativa). E ter-se o ensino superior tem tido uma clara relação negativa com tencionar votar-se no Chega.

A relação entre ser-se (ou ter-se sido) sindicalizado e a intenção de voto é reduzida, mas manifesta-se de forma significativa na intenção de voto no BE e especialmente na CDU, e de forma inversa na intenção de não votar (menos escolhida pelos sindicalizados).

Finalmente, ser-se praticante aumenta a probabilidade de votar AD (e por pouco que não faz o mesmo no PS), e diminui a probabilidade de votar Chega, BE e Livre. Como já se sabia, não há uma clivagem religiosa esquerda-direita em Portugal.

Importa recordar que:

  • São intenções de voto, recolhidas ao longo de um ano,
  • Resultam de um modelo em que o efeito de cada variável é estimado controlando os das restantes variáveis explicativas.

Dito isto, são pistas curiosas, acho, sobre as bases sociais destes partidos, em termos das intenções de voto recolhidas no último ano.

One Commment

Leave a Comment

You must be logged in to post a comment.