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Pedro Magalhães

Como apresentar os resultados?

Na Praia, o Ivan coloca algumas questões interessantes:

Por que se extrapola das intenções de voto manifestadas agora (23% para o PS, 14% para o PSD) para resultados comparáveis com os de eleições (46% para o PS, 28% para o PSD)? Não faria mais sentido dizermos que, neste momento, há apenas 23% de eleitores que declaram ir votar no PS e 14% no PSD? Ao criar artificialmente percentagens similares a resultados eleitorais, a sondagem não cria uma ilusão sobre o que ao mesmo tempo, no blog, se diz ser impossível prever?



O Ivan não erra ao detectar a existência de um problema. Se quem faz as sondagens sabe que elas são apenas uma “fotografia” de um momento e não podem ser vistas como previsões, então, ao apresentar resultados como se de “resultados eleitorais” se tratassem, induz o público em erro. Eu sei que o problema existe. Mas acho que as alternativas são piores.

Explico-me. Imaginem que, em vez de apresentarem os seus resultados como se de resultados eleitorais se tratassem, todos os jornais apresentassem os resultados das sondagens que encomendam, digamos, em “bruto”. Se assim fosse, teríamos, por exemplo, para o PS:

Marktest: 28.7%

Católica: 23%

Aximage: 43,3% (e é assim que de facto destacam o resultado)

Eurosondagem:42% (calculado na base dos 7,8% que reportam de “não sabe/não responde”)

Euroteste: 40%

Esta comparação diz-vos alguma coisa? Claro que podíamos ir mais longe. Os “resultados brutos” da Católica e da Marktest calculam o voto do PS incluindo na base as pessoas que declararam abertamente não ir votar (15% na Católica, 6% na Marktest). Mas notem: a Aximage anuncia uma abstenção de 42,2%. Se só comparássemos resultados brutos, a comparação continuaria a não fazer sentido, porque a disparidade na abstenção é enorme (não me perguntem como a Aximage consegue que 42,2% das 600 pessoas inquiridas admitam aos seus inquiridores que não tencionam votar. Não faço ideia como isto se consegue).

Haveria ainda uma outra hipótese: fazer como a Aximage tem feito (e a Eurosondagem costumava fazer), dando destaque aos resultados calculados numa base que inclui os indecisos. Contudo, o problema continua: enquanto a Aximage apanha 9% de indecisos e a Eurosondagem 7,8% nas suas últimas sondagens, a Católica apanha 22% de indecisos e a Marktest 32% de “não sabe”/”não responde”, disparidade que resultará, provavelmente e pelo menos em parte, de diferentes opções metodológicas. Logo, esse resultados continuariam a não fazer sentido para o público em geral do ponto de vista comparativo.

Assim, a solução correcta é, a meu ver, a que actualmente existe e é prevista na lei. Por um lado, todas as empresas têm de apresentar os seus “resultados brutos” (o que as pessoas lhes dizem quando lhes é perguntado se vão votar e em quem). É na base destes que o Ivan, e bem, tirou as conclusões que tirou. E podem também apresentar outros resultados, fazendo-o como muito bem entenderem, desde que expliquem claramente o que fizeram. Se a lei é de facto cumprida ou não, em particular no que respeita à publicação dos resultados brutos, é outro assunto, que diz respeito a esta instituição. Eu é que acho – e não obrigo ninguém a concordar comigo – que, para comparar as sondagens, tendo em conta o impacto que as variações metodológicas têm na percentagem de indecisos e de abstencionistas, os resultados brutos não chegam para dar uma ideia clara das diferenças entre as sondagens e da evolução dos seus resultados. E há uma coisa que tenho a certeza que não faz sentido: olhar para resultados eleitorais e compará-los directamente com sondagens que não redistribuem indecisos (ver aqui ou aqui).

Contudo, noto com satisfação que a última sondagem da Aximage teve uma apresentação de resultados distinta das anteriores. Como de costume, são apresentados os resultados com indecisos. Mas ficamos desta vez a saber qual é percentagem de indecisos, e é o próprio jornal que nos diz os resultados expurgados de indecisos, para que os possamos comparar com os resultados de outras sondagens. Isto não impede que o próprio responsável da Aximage exprima discordância com as pressuposições por detrás da redistribuição proporcional de indecisos. Tudo bem. Mas o problema não é saber qual o método de redistribuição de indecisos que melhor permite “prever” o que eles vão fazer. Nesta fase, não vale a pena fazer essas contas. O problema é simplesmente o de apresentar resultados que sejam comparáveis uns com os outros. E aqui, acho que não há alternativa, e que, desta vez, o Correio da Manhã e a Aximage fizeram bem.

É certo que o problema detectado pelo Ivan persiste. Será que quem olha para os resultados é sensível a todas estas subtilezas? Não creio. Será que, na prática, o público não acaba sempre por ser induzido em erro? Provavelmente. Mas acho que as alternativas são ainda piores.

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