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Pedro Magalhães

Eleições de segunda ordem

Há na Ciência Política uma teoria que sugere que as eleições se distinguem pela sua importância/saliência. Eleições de primeira ordem são aquelas que servem para determinar quem governa, e as de segunda ordem são as outras, tais como as eleições europeias ou autárquicas.

A implicação é que os eleitores tendem a comportar-se de forma diferentes nessas eleições. Independentemente de todos os outros factores que podem determinar o voto, os apoiantes do partido que está no governo tendem a sentir que, em eleições de segunda ordem, podem aproveitar a ocasião para enviar um sinal de descontentamento (caso o sintam), dado que isso não tem consequências para a composição do governo. E aqueles que simpatizam com pequenos partidos, mas que nas legislativas votam útil, sentem-se à vontade para votar “sinceramente” (em vez de “estrategicamente”) nas eleições de segunda ordem.

Quais as implicações?

1. Pequenos partidos tendem a ser recompensados em eleições de segunda ordem (em comparação com eleições de primeira ordem);

2.Grandes partidos tendem a ser punidos em eleições de segunda ordem;

3. Partidos no governo tendem a ser mais punidos, especialmente se as eleições de segunda ordem se dão a meio do ciclo das eleições de primeira ordem.

São as eleições autárquicas em Portugal eleições de segunda ordem? O meu colega André Freire tentou responder à questão aqui (.pdf), e conclui que:

1. Os grandes partidos tendem a ter pior desempenho nas eleições autárquicas;
2. Os pequenos partidos tendem a ter melhor desempenho nas eleições autárquicas;
3. Os partidos no governo têm pior desempenho nas eleições autárquicas, mas apenas quando elas têm lugar a meio do ciclo, sendo as perdas tanto maiores quanto piores são as condições económicas. Pelo contrário, eleições autárquicas realizadas no período de “lua de mel” após as legislativas tendem a resultar em ganhos para os partidos de governo.

Giro, não? Por outras palavras, independentemente da miríade de factores locais que afectam o desempenho eleitoral, há padrões sistemáticos nos dados a nível agregado. Os resultados de eleições locais são afectados por factores nacionais (ciclo eleitoral, popularidade, economia). Outra implicação curiosa desta teoria é esta: ao coligar-se com o PSD em tantos concelhos, o CDS está potencialmente a desperdiçar votos que poderia captar na condição de “pequeno partido” e, logo, a fazer um inestimável favor ao PSD. Mas não se fazem favores sem contrapartidas: a estratégia do CDS-PP nestes eleições exemplifica assim os casos em que office se torna mais importante do que votes nos objectivos de um partido, if you catch my meaning.

E 2005? O PS teve 45% em Fevereiro e 36% nestas autárquicas, 8 meses depois. Por outras palavras, a fiar-me nos dados do André, estas eleições autárquicas são as primeiras em que um partido no governo perde pontos percentuais em relação às legislativas em eleições locais realizadas menos de um ano depois das legislativas, ou seja, ainda no suposto “honeymoon period”. Com isto não quero dizer, longe disso, que estas eleições coloquem em causa a “legitimidade” do governo (que disparate), criem uma “nova e diferente maioria”, signifiquem “a rejeição das políticas do governo”, ou qualquer coisa nesse registo. Quero apenas dizer que, se queriam um dia oficial para o fim do “estado de graça” do governo PS, já o têm: marquem lá o dia 9 de Outubro de 2005 nas vossas agendas.

P.S. – Já agora: a questão “qual o partido que tem mais votos” nestas eleições é irrespondível, dado que o PSD concorreu coligado em muitos concelhos. Mas se repartirem os votos nas coligações à razão de 4 para 1 (a razão à qual os dois partidos repartiram o financiamento das campanhas), o PSD fica com 37,6%, acima dos 35,8% do PS.

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