Olá. Em relação ao total dos inquiridos, as intenções de voto no CDS representam 1,5%, ou seja, arrendondando, 2%. Em relação aos inquiridos que afirmaram ter a certeza que irão votar nas Europeias (456), são 10 (2,2%) aqueles que dizem que irão votar no CDS-PP. Assim duas explicações: por um lado, arrendondamento; por outro lado, o facto de as estimativas não usarem todas as intenções de voto, mas apenas as daqueles que dizem ter a certeza que irão votar.
Qual a explicação estatística para a diferença entre 40% de inquéritos na região norte e 32% de inquéritos em Lisboa e Vale do Tejo. Penso que há aqui um enviesamento estatítico até porque a região Lisboa e Vale do Tejo é em si mesmo eleitoralmente heterógénea.
Sobre as regiões, a explicaçao é simples. Como a amostra foi estratificada, a única razão para que a distribuição não tivesse respeitado o peso relativo só podia ser uma: uma taxa de resposta diferencial, maior no Norte que em LVT. Olhando para o relatório de campo, foi exactamente isso que sucedeu. O leitor notará também ,claro, que houve ponderação pós-amostral, e que uma das variáveis de ponderação foi precisamente essa.
456 que disseram ir votar de certeza E (manifestaram uma intenção OU inclinação de voto num qualquer partido OU intenção de votar em branco). Devia ter explicado melhor.
Caro Pedro Magalhães, Não lhe parece, no mínimo absurdo, apresentar a sondagem com 456 resultados obtidos. A Centro de Sondagens da Católica, que todos temos como a melhor “empresa” de sondagens de país, parece-me que meteu o pé na pôça. Acha razoável apresentar a sondagem como amostragem nacional?
Vou tentar, pacientemente, responder, ignorando o tom da sua mensagem. Os 456 são a sub-amostra de eleitores com as características acima. Não a amostra. A amostra de eleitores tem 1244 inquiridos. Nessa amostra, há gente que se declara abstencionista, que não responde, que não sabe. É muita, o que é normal para uma eleição europeias. O que sobra são 456. Pense nas sondagens que são feitas em Portugal com 600 inquiridos e pense no que sobrará daí. Ou da maior parte das sondagens feitas nos Estados Unidos, com 800-1000 inquiridos. Ficava mais contente se tomássemos em conta intenções de voto de pessoas que nos dizem nem tencionar votar? Isso sim seria, no mínimo, absurdo. E poça não tem acento circumflexo.
«A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições europeias de 2004 e legislativas de 2005 nessas freguesias estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos»
Repito um meu comentário anterior: Vejo que os resultados apresentados são ponderados pelo voto das eleições de AR/2005 e PE/2004
Considerar o voto de 2004 e de 2005 faz todo o sentido se o entrevistado: -se lembrar em que partido votou; -e se não mentir.
Poderá haver entrevistados com vergonha de assumirem o voto de 2005, afirmando ter votado no mesmo partido em têm agora intenção de votar.
E.g., em 2005 votei A, mas entretanto arrependi-me e em 2009 vou votar B. Por vergonha, qd perguntado, afirmo ter votado B em 2005 e manifesto a intenção de votar B em 2009. Na sondagem, o partido B sai prejudicado (pq não conquista novos eleitores) e o partido A sai beneficiado (pq não perde eleitores).
Teremos assim a explicação para os resultados do CDS?
«A CDU nunca teve menos de 9%. E o CDS-PP, sozinho, nunca teve menos de 8%.»
Não, não são ponderados. Uma coisa é utilizar os resultados reais de um conjunto de freguesias em eleições passadas para “verificar” o resultado de uma selecção aleatória de um número de freguesias que é, afinal, reduzido. É a mesma coisa que estratificar por região ou habitat. É apenas uma variável de estratificação adicional. Coisa muito diferente é ponderar os resultados na base das respostas dos eleitores a uma pergunta sobre recordação de voto. Isso não é feito nesta sondagem ou pelo Cesop. Quem faz isso é a Marktest. Há um post passado onde falo do assunto: http://margensdeerro.blogspot.com/2009/03/antecipacao.html
Se acredito? Fiquei surpreendido, sim. Mas se deixamos as crenças prévias intervir demasiadamente, nunca estamos preparados para a realidade.
Caro Pedro. Parabéns pelo excelente blog. Há anos que sou visitante assíduo. Gostaria que comentasse a seguinte opinião: Acho que com estes resultados e, tendo em consideração outras sondagens recentes (e menos recentes)começo a ganhar a convicção que o PSD vai ganhar estas Europeias. Não só pelo distância a que estamos do acto eleitoral e enorme número de indecisos, mas principalmente pelo que vejo e ouço “na rua”. Sem contar ainda com o fraco candidato (que triste figura) que o PS tem (esta é uma opinião muito pessoal, evidentemente). Acha que é uma opinião muito descabida e com poucas probabilidades de ocorrer? Obrigado
O que posso dizer é o mesmo que está à vista de toda a gente. Há duas sondagens sobre as Europeias, o PS lidera em ambas, mas falta muita campanha, a diferença é inferior ou pouco maior que a margem de erro amostral e em eleições com alta abstenção as sondagens costumam ser menos úteis como preditor. O resto não sei.
Não entrando na avaliação quantitativa do sue estudo, no qual espero ter tempo para me dedicar nos proximos dias, há uma avaliação qualitativa que me faz questionar a qualidade dos resultados: 1º As eleições europeias são de todas as que se realizam este ano, aquela onde os eleitores dão menos importancia; 2º Nestas eleições o voto útil não existe. O eleitor vê-as mais como um barómetro e não como decisivas para a escolha do governo do País. No entanto a sondagem coloca 70% dos eleitores ao centro ( esquerda e direita) 3º Quando se iniciou o trabalho de campo, havia partidos que não tinham ainda iniciado a sua campanha eleitoral; 4º Há na sua amostra há mais de 60% dos eleitores que não sabe o dia da votação ou que tem dificulade em saber quem são so candidatos, pq provavelmente dá mais importancia ao partido vs candidato. Isto significa que a abstenção é enorme e a vontade de penalizar o partido de governo por parte de quem vai votar parece me enorme. A sua sondagem curiosamente não o reflecte!! 5º Todas as sondagens existentes até hoje, relaizadas nos ultimos meses dão ao CDS uma votação acima dos 7% e ao PSD abaixo dos 30%. Surpreendentemente a sua sondagem inova com aquilo que parece uma transferencia de voto de uma magnitude nunca existente até hoje (o CDS teve como patamar minimo os 4% de Adriano Moreira e 4.4% com Freitas do Amaral). Estranho não é? Tudo isto só por si, não será suficiente para rever toda a metedologia utilizada?
1. O primeiro ponto é verdadeiro. Que relação tem ele com os resultados da sondagem? 2. A segunda afirmação é altamente contestável. Especialmente à luz do que se sabe sobre a relação entre o comportamento eleitoral nas Europeias e o momento em que a eleição se dá no ciclo eleitoral. No post acima tem uma ligação a um texto meu sobre o assunto, que por sua vez o remete para bibliografia relevante. 3. Por que razão o facto de o trabalho de campo ter sido iniciado quando havia partidos que não tinham a campanha deveria obrigar a “revisões metodológicas”? 4. O facto de que há muita gente que não sabe o dia das eleições é um produto da própria sondagem. Isso serve-lhe. Mas o resto não? E por que deveria o facto de a si lhe parecer que a vontade de penalizar o governo é enorme obrigar a rever metodologias testadas? 5. Ver post acima. E ver ligação ao lado, com base de todas as sondagens, para confirmar que a afirmação sobre os 7% é falsa.
Caro Pedro,
Uma dúvida que tenho, e espero que me consiga ajudar a dissipar.
Qual a razão do CDS ter tido 2% na Intenção directa de voto, e depois na estimativa dos resultados eleitorais manter-se com os mesmos 2%.
Acredito que mais leitores que consultem a sondagem fiquem com a mesma dúvida que eu.
Obrigado e um Abraço
Olá. Em relação ao total dos inquiridos, as intenções de voto no CDS representam 1,5%, ou seja, arrendondando, 2%. Em relação aos inquiridos que afirmaram ter a certeza que irão votar nas Europeias (456), são 10 (2,2%) aqueles que dizem que irão votar no CDS-PP. Assim duas explicações: por um lado, arrendondamento; por outro lado, o facto de as estimativas não usarem todas as intenções de voto, mas apenas as daqueles que dizem ter a certeza que irão votar.
Qual a explicação estatística para a diferença entre 40% de inquéritos na região norte e 32% de inquéritos em Lisboa e Vale do Tejo.
Penso que há aqui um enviesamento estatítico até porque a região Lisboa e Vale do Tejo é em si mesmo eleitoralmente heterógénea.
Mas desses 456 não há indecisos, ou “não sabe”?
desculpe, faltou assinar a pergunta:
DBH
Sobre as regiões, a explicaçao é simples. Como a amostra foi estratificada, a única razão para que a distribuição não tivesse respeitado o peso relativo só podia ser uma: uma taxa de resposta diferencial, maior no Norte que em LVT. Olhando para o relatório de campo, foi exactamente isso que sucedeu. O leitor notará também ,claro, que houve ponderação pós-amostral, e que uma das variáveis de ponderação foi precisamente essa.
456 que disseram ir votar de certeza E (manifestaram uma intenção OU inclinação de voto num qualquer partido OU intenção de votar em branco). Devia ter explicado melhor.
Caro Pedro,
Obrigado pela explicação. É sempre bom saber por quem sabe 🙂
Um abraço
Caro Pedro Magalhães,
Não lhe parece, no mínimo absurdo, apresentar a sondagem com 456 resultados obtidos. A Centro de Sondagens da Católica, que todos temos como a melhor “empresa” de sondagens de país, parece-me que meteu o pé na pôça.
Acha razoável apresentar a sondagem como amostragem nacional?
Sebastião Carlos
Caro Sebastião Carlos,
Vou tentar, pacientemente, responder, ignorando o tom da sua mensagem. Os 456 são a sub-amostra de eleitores com as características acima. Não a amostra. A amostra de eleitores tem 1244 inquiridos. Nessa amostra, há gente que se declara abstencionista, que não responde, que não sabe. É muita, o que é normal para uma eleição europeias. O que sobra são 456. Pense nas sondagens que são feitas em Portugal com 600 inquiridos e pense no que sobrará daí. Ou da maior parte das sondagens feitas nos Estados Unidos, com 800-1000 inquiridos. Ficava mais contente se tomássemos em conta intenções de voto de pessoas que nos dizem nem tencionar votar? Isso sim seria, no mínimo, absurdo. E poça não tem acento circumflexo.
Cumprimentos,
Pedro Magalhães
«A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados
eleitorais das eleições europeias de 2004 e legislativas de 2005 nessas freguesias estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos»
Repito um meu comentário anterior:
Vejo que os resultados apresentados são ponderados pelo voto das eleições de AR/2005 e PE/2004
Considerar o voto de 2004 e de 2005 faz todo o sentido se o entrevistado:
-se lembrar em que partido votou;
-e se não mentir.
Poderá haver entrevistados com vergonha de assumirem o voto de 2005, afirmando ter votado no mesmo partido em têm agora intenção de votar.
E.g., em 2005 votei A, mas entretanto arrependi-me e em 2009 vou votar B. Por vergonha, qd perguntado, afirmo ter votado B em 2005 e manifesto a intenção de votar B em 2009. Na sondagem, o partido B sai prejudicado (pq não conquista novos eleitores) e o partido A sai beneficiado (pq não perde eleitores).
Teremos assim a explicação para os resultados do CDS?
«A CDU nunca teve menos de 9%. E o CDS-PP, sozinho, nunca teve menos de 8%.»
O Pedro não acredita nos 2%, pois não?
«
Não, não são ponderados. Uma coisa é utilizar os resultados reais de um conjunto de freguesias em eleições passadas para “verificar” o resultado de uma selecção aleatória de um número de freguesias que é, afinal, reduzido. É a mesma coisa que estratificar por região ou habitat. É apenas uma variável de estratificação adicional. Coisa muito diferente é ponderar os resultados na base das respostas dos eleitores a uma pergunta sobre recordação de voto. Isso não é feito nesta sondagem ou pelo Cesop. Quem faz isso é a Marktest. Há um post passado onde falo do assunto: http://margensdeerro.blogspot.com/2009/03/antecipacao.html
Se acredito? Fiquei surpreendido, sim. Mas se deixamos as crenças prévias intervir demasiadamente, nunca estamos preparados para a realidade.
Caro Pedro. Parabéns pelo excelente blog. Há anos que sou visitante assíduo. Gostaria que comentasse a seguinte opinião: Acho que com estes resultados e, tendo em consideração outras sondagens recentes (e menos recentes)começo a ganhar a convicção que o PSD vai ganhar estas Europeias. Não só pelo distância a que estamos do acto eleitoral e enorme número de indecisos, mas principalmente pelo que vejo e ouço “na rua”. Sem contar ainda com o fraco candidato (que triste figura) que o PS tem (esta é uma opinião muito pessoal, evidentemente). Acha que é uma opinião muito descabida e com poucas probabilidades de ocorrer? Obrigado
Caro Marcos,
O que posso dizer é o mesmo que está à vista de toda a gente. Há duas sondagens sobre as Europeias, o PS lidera em ambas, mas falta muita campanha, a diferença é inferior ou pouco maior que a margem de erro amostral e em eleições com alta abstenção as sondagens costumam ser menos úteis como preditor. O resto não sei.
Caro Pedro Magalhaes
Não entrando na avaliação quantitativa do sue estudo, no qual espero ter tempo para me dedicar nos proximos dias, há uma avaliação qualitativa que me faz questionar a qualidade dos resultados:
1º As eleições europeias são de todas as que se realizam este ano, aquela onde os eleitores dão menos importancia;
2º Nestas eleições o voto útil não existe. O eleitor vê-as mais como um barómetro e não como decisivas para a escolha do governo do País. No entanto a sondagem coloca 70% dos eleitores ao centro ( esquerda e direita)
3º Quando se iniciou o trabalho de campo, havia partidos que não tinham ainda iniciado a sua campanha eleitoral;
4º Há na sua amostra há mais de 60% dos eleitores que não sabe o dia da votação ou que tem dificulade em saber quem são so candidatos, pq provavelmente dá mais importancia ao partido vs candidato. Isto significa que a abstenção é enorme e a vontade de penalizar o partido de governo por parte de quem vai votar parece me enorme. A sua sondagem curiosamente não o reflecte!!
5º Todas as sondagens existentes até hoje, relaizadas nos ultimos meses dão ao CDS uma votação acima dos 7% e ao PSD abaixo dos 30%. Surpreendentemente a sua sondagem inova com aquilo que parece uma transferencia de voto de uma magnitude nunca existente até hoje (o CDS teve como patamar minimo os 4% de Adriano Moreira e 4.4% com Freitas do Amaral). Estranho não é?
Tudo isto só por si, não será suficiente para rever toda a metedologia utilizada?
1. O primeiro ponto é verdadeiro. Que relação tem ele com os resultados da sondagem?
2. A segunda afirmação é altamente contestável. Especialmente à luz do que se sabe sobre a relação entre o comportamento eleitoral nas Europeias e o momento em que a eleição se dá no ciclo eleitoral. No post acima tem uma ligação a um texto meu sobre o assunto, que por sua vez o remete para bibliografia relevante.
3. Por que razão o facto de o trabalho de campo ter sido iniciado quando havia partidos que não tinham a campanha deveria obrigar a “revisões metodológicas”?
4. O facto de que há muita gente que não sabe o dia das eleições é um produto da própria sondagem. Isso serve-lhe. Mas o resto não? E por que deveria o facto de a si lhe parecer que a vontade de penalizar o governo é enorme obrigar a rever metodologias testadas?
5. Ver post acima. E ver ligação ao lado, com base de todas as sondagens, para confirmar que a afirmação sobre os 7% é falsa.
Espero ter sido esclarecedor.
Cumps.
Acabo de ler no DN uma sondagem da Catolica para as legislativas
PS-41%
PSD-34%
BE-12%
PCP-7%
CDS-2%
É estranho que os resultados do Be-PCP-CDS-para as europeias sejam exactamente os mesmos que para as legislativas, e só no PS e no PSD haja alterações