"Freguesias-tipo"?
Posted June 19th, 2009 at 2:03 pm13 Comments
O único conhecimento que tenho deste assunto é pela notícia de jornal. Mas a confirmar-se a argumentação, a única coisa que posso fazer é sugerir a leitura do seguinte excerto:
“Because it is so important that the sample for an opinion poll is a true reflection of the country as a whole, the sample of constituencies for an opinion poll is checked for political balance. This is done in much the same way, by calculating the share of the votes at the last general election just in those constituencies sampled, and comparing it with the national result.”
in Nick Moon. 1999. Opinion polls: history, theory and practice. Manchester: Manchester University Press, pp. 51-52 (itálicos meus, a ver se se percebe a utilização do plural).
Se o fundamento da queixa é o que vem no jornal, parece-me tão fundamentada como a de Cláudio Carvalho “contra” a Marktest.
De qualquer modo, parece-me que a “interferência” de resultados eleitorais passados na construção da amostra poderá ser um factor de distorção…
Parece-me que as implicações de usar resultados eleitorais agregados passados como elemento adicional de estratificação ou de usar recordações de voto individuais como elemento de ponderação de resultados são, potencialmente, muito diferentes.
Sem dúvida. Mas eu estava mesmo a falar dos resultados como variável de estratificação.
Mas beijokense: por que que acha que esta hipótese poderá ser “factor adicional de distorção”. A pergunta não é retórica, garanto. Estou mesmo curioso em relação à argumentação.
«usar resultados eleitorais agregados passados como elemento adicional de estratificação ou de usar recordações de voto individuais como elemento de ponderação de resultados»…
…são uma valente incompetência, como se viu!
Luís
Pedro, desculpe-me a inversão do ónus da prova: pode provar que, ao repetir sistematicamente o sorteio das freguesias para que os resultados eleitorais de t-1 sejam “iguais” aos nacionais, o erro de amostragem (em t) das freguesias é inferior ao erro que resultaria da sua selecção aleatória?
Eu estou a pensar num contexto de abstenção superior a 60% e em que a abstenção em t tem “causas” diferentes da abstenção em t-1.
P.S. A minha pergunta também não é nada retórica. Eu “percebo” um bocadinho de amostragem, mas estou longe de dominar as especificidades das sondagens eleitorais.
O Paulo Portas e o Santana Lopes, não estiveram ligados á empresa de sondagens, da extinta Universidade Moderna?
Algum dos dois , tem a qualificações para estar á frente de uma empresa de sondagens?
Então como se atrevem a põr em causa o trabalho de profissinais competentes….
Realmente há politicos a quem tudo serve para terem uns minutos nas televisões, e umas linhas nos jornais.
Beijokense: como certamente sabe, a única razão para se usar resultados eleitorais como critério adicional de estratificação é o facto de o número de freguesias seleccionadas em qualquer estudo deste género ser sempre reduzido (20, 50, 100 são sempre nºs reduzidos), sendo por isso necessário assegurar que a selecção aleatória, mesmo sendo estratificada por território ou habitat ou outra qualquer variável, não “corre mal”. Já agora, a comparação com resultados eleitorais é feita não apenas do ponto de vista dos votos válidos, mas também em relação ao total de eleitores e tab. na abstenção. Se um conjunto de freguesias se portar bem destes pontos de vista em várias eleições diferentes, ficamos com a ideia de que a selecção aleatória, mesmo com nºs pequenos, não correu mal.
Mas não me inverta o ónus da prova:-) O Beijokense é que disse que isto pode ser um factor de distorção. E eu queria perceber porquê.
Só você pode tirar a prova 🙂
Faça 200 sorteios com igual n.º de freguesias, cumprindo os outros critérios de estratificação. Conte quantas vezes os resultados ficariam mais próximos dos nacionais do que com as freguesias que utilizou na sua sondagem.
Eu compreendo a lógica – se as % dos resultados das freg. se aproximam das % nacionais em eleições anteriores, poderá correr menos riscos em situações “normais”. O meu argumento é que também será mais provável a distorção em situações “anormais”. Em 2004 e 2005 o PS teve resultados anormalmente elevados. Em 7 de Junho de 2009 teve resultados anormalmente baixos. Vamos admitir que há umas freguesias mais rosa do que outras, no sentido em que nas freguesias rosa o PS tem resultados muito elevados, em termos de votos expressos. Numa amostra que tenha de corresponder aos resultados de 2004, essas freguesias estarão um pouco mais “representadas”, digamos assim. Em 2009, votaram menos eleitores do que é normal nessas freguesias, mas a % de votos expressos mantém-se favorável ao PS. Havendo uma parte de eleitores nessas freguesias rosa que lhe responderam que iam votar, mas se baldaram, quando você infere as intenções de voto para o país, o desvio das intenções relativamente ao comportamento é maior.
Espero não estar a dizer uma grande asneira 🙂 Remeto-o para o post de onde isto surgiu, no parágrafo onde começo por referir o pé em ramo verde…
Esse método é usado por todos para as chamadas sondagens de boca-de-urna e funciona bem, não é? Agora, para o utilizar em sondagens sobre intenção de voto semanas antes da eleição, o equivalente seria escolher freguesias onde as respostas às sondagens em anos anteriores fossem iguais às respostas uma “sondagem global nacional” (o mais aprox. talvez fosse a soma de todas as sondagens). Estou a raciocinar correctamente?
Já que o remeto para o meu post, gostaria de obter um comentário seu à questão em que menciono explicitamente o CESOP.
Cumprimentos.
«O Paulo Portas e o Santana Lopes como se atrevem a põr em causa o trabalho de profissinais competentes….»
Nada de confusões. O facto de PP e PSL terem gerido empresas de sondagens até lhes dará outra autoridade.
Mas o ponto é: onde estão os profissionais competentes?
Qual é o seu comentário sobre o CESOP? O trabalho ao fim de semana? Mas o trabalho ocorreu entre Sábado e 3ª feira (se bem que, é verdade, com mais peso no fim de semana).
Sobre a utilização de resultados passados para validar a escolha de um determinado conjunto de freguesias, acho que não devemos dar demasiada importância ao critério. Ele visa apenas evitar que algo corra muito mal na selecção aleatória de poucas freguesias, mas não é um objectivo em si mesmo. De resto, na maior parte das vezes, as freguesias escolhidas – desde que respeitando estratificação regional e por habitat e escolhidas com probabilidade proporcional à sua dimensão – ficam logo “bem” do ponto de vista dos resultados, no máximo, à 2ª ou 3ª tentativas (e quando são as 39 ou 40 da última sondagem ou da boca da urnas, ficam invariavelmente bem logo à 1ª, na minha experiência de já várias eleições).
Aqui está escrito 25 e 26 de Abril.
Apenas ao fim de semana, apenas 2 dias – aumenta a probabilidade de ausências em lares seleccionados, ou não?
Já agora: o mood do 25A não poderá afectar a inclinação da resposta? 🙂
Tem razão, mas pensei que se estava a referir à última pré-eleitoral.
Sim, mas por outro permite apanhar disponíveis pessoas que, num horário 18-22 e ao telefone, pura e simplesmente não respondem. Sol na eira e chuva no nabal é que não há, infelizmente…