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Pedro Magalhães

House effects

O modelo que estima os resultados por mês onde o trabalho de campo foi terminado controlando os efeitos do facto de as sondagens terem sido feitas por empresas diferentes sugere que o PSD voltou a descer de Abril para Maio (2 pontos) mas que o PS deixou de subir. Por outras palavras, o apertar da diferença das sondagens realizadas de Abril para Maio dá-se à custa de uma descida do PSD, não de uma subida do PS (ao contrário do que sucedeu de Março para Abril, em que PS subiu e PSD desceu). Os valores estimados não são importantes, porque variam de acordo com a empresa que seja tomada como categoria de referência. Só as tendências são relevantes nesta análise.

Já agora, quem é que subiu das sondagens de Abril para as sondagens de Maio? O CDS-PP, claro, 1,8 pontos.

22 Comments

  1. et says:

    Num post de 12 de Abril o Pedro escreveu:
    Para termos uma ideia de mudanças recentes, podemos estimar as intenções de voto para PSD e PS controlando house effects (com Eurosondagem como categoria de referência):

    PSD: Março: 39,7; Abril: 36,6
    PS: Março: 30,5; Abril: 33,6.

    ——

    Podemos dizer então que neste momento o PSD andará pelos 34.6 e o PS pelos 33.6 ? Numeros redondos ?

  2. Está-me a levar para onde eu não queria. Eu posso dar esse números mas se usar outra empresa como referência terei de dar outros. Não quero ser mal interpretado. O que interessa aqui são as mudanças.

  3. G says:

    Seria caricato que no fim chegássemos à conclusão que tinha sido o PP a tirar a possibilidade do PSD ficar em 1º lugar. Será por isso que a partir de ontem o PPC começou a falar do voto útil?

  4. MAF says:

    Segundo este post do Pedro Pestana Barros http://cachimbodemagritte.com/2970139.html
    para que haja maioria PSD+CDS será mais vantajoso o voto no CDS…

    Gostava de ouvir os comentários do Pedro Magalhães sobre isso.

    abraço,
    Mário

  5. Para já, deixava esta para o Libertas 🙂 Se ele não disser nada eu depois comento. Uma frase chega.

  6. et says:

    Desculpe. A (minha) ignorância é (muito) atrevida.

  7. Paulo says:

    “… para que PSD e CDS consigam eleger 116 deputados. Com um CDS na casa dos 5% será necessário que o conjunto PSD/CDS recolham 48% dos votos” ??

    O PSD com os 43% que estão implícitos nas contas acima não atinge sozinho os 116 deputados?

  8. Libertas says:

    Respondo:
    1. O CDS maximizará o nº de mandatos face aos votos obtidos nos 15% de votos.

    2. A partir dos 15% dos votos, a eleição de deputados do CDS é sensivelmente proporcional.

    3. Desta forma, a maioria PSD+CDS será mais fácil de atingir se o CDS tiver os 15% ou ultrapassar esta percentagem.

    4. Para quem tiver como único objectivo uma maioria PSD+CDS: se o CDS tiver menos de 15% é mais vantajoso o voto no CDS; se o CDS tiver mais de 15%, é indiferente votar PSD ou CDS.

    5. De qualquer forma, estas contas são contas a nível nacional, podendo e devendo ser feitas em cada circunscrição porque o que é verdade a nível nacional pode ser uma grande mentira a nível distrital.

    6. Se o CDS estiver nos 10% é importante votar CDS: em Braga, no Porto, em Coimbra, em Lisboa, em Setubal e na Madeira.

    7. Mas se o CDS andar nos 12%, estarão garantidos esses deputados em Setúbal ou em Braga. Agora, o CDS precisa de votos em Lisboa, no Porto (elegendo um deputado adicional em cada um nos dois distritos), em Aveiro e em Leiria.

  9. Segundo as minhas contas se o PSD tiver os +- 30% que teve em 2009 com os correspondentes 81 deputados (três deles a custa dos circulos da europa e fora da europa)e o CDS-PP tiver 15% há maioria de deputados com a coligação CDS-PP/PSD (não foi inocente o ter posto em primeiro lugar o CDS-PP)….mais possivelmente nesta situação o PS estaria a frente do PSD em percentagem e em nº de deputados, logo o CDS-PP/PS tambem teria maioria …. numa situação desta não seria o PPC a ser 1º Ministro…possivelmente O Cavaco nomearia uma personalidade credivel,Victor Bento por exemplo, e teriamos Paulo Portas e PPC como 2 Vice-Primeiro Ministro…Primus inter Pares.

  10. diogo says:

    Eh lá! Caro Libertas, que análise completa 🙂

    O problema, se o CDS tiver 15%, é que me parece difícil o PSD ficar em 1º lugar. Então teríamos maioria PSD+CDS… e um caso bicudíssimo para Cavaco!
    Esse governo seria mais que legítimo, constitucionalmente, e penso que já terá ocorrido na Europa (?). Mas em Portugal seria inédito e dificilmente digerível em termos políticos e de opinião pública.

    Acho que esta hipótese já foi aflorada nos comentários de outro post.

  11. diogo says:

    Talvez seja coincidência, mas curiosamente esta tendência de descida do PSD e estabilização do PS nas sondagens assemelha-se a 2002.

  12. MAF says:

    Muito obrigado a todos os que ajudaram a responder à minha questão.

  13. Libertas says:

    PS pode ser o mais votado, mas se a maioria for PSD+CDS o PS não estará no governo.

    http://en.wikipedia.org/wiki/Austrian_legislative_election,_1999

  14. Na Europa é normalíssimo o partido mais votado não ir para o governo; em Portugal não (e é capaz de ser daquelas situações em que o direito consuetudinário é mais forte que o direito escrito que está na Constituição).

    Pondo as coisas de outra maneira – se o PS tiver mais votos que o PSD (e mais ainda se PS+CDU+BE tiverem mais votos que PSD+CDS), um governo PSD+CDS, mesmo com maioria dos deputados, seria considerado ilegitimo por muita gente, e qualquer medida mais impopular que tomasse daria origem a distúrbios.

  15. Libertas says:

    Miguel Madeira,
    1. Sendo o PS o partido + votado e se PS+CDU+BE tiverem maioria, é evidente que nunca haverá governo PSD+CDS (nem entendo esta possibilidade).

    2. Sendo o PSD o partido mais votado, mas sem maioria PSD+CDS, é também evidente que tb não se formará governo PSD+CDS.

    3. Sendo o PS o mais votado, mas com maioria PSD+CDS, a democracia mandar formar governo PSD+CDS por mais «ilegítimo» e «mais impopular» que fosse aos olhos da minoria PS+CDU+BE. Mesmo com «distúrbios» causados por eleitores desta minoria. A democracia é o governo da maioria e não da minoria.

  16. Dois pontos rápidos:

    1. O raciocínio do Libertas parece-me correcto, vários números no post citado não. Como assinalaram já aqui, com 43% não há cenário razoável de distribuição de votos à esquerda que retire a maioria absoluta do PSD. Etc.

    2. Quanto ao resto, muito formalismo. Não se esqueçam que há para aplicar o pacote de reformas económicas, políticas e institucionais mais ambicioso da história democrática portuguesa. Um eleitor sofisticado de centro-direita tem de ponderar se lhe apetece entrar neste género de contabilidades ou simplesmente tornar claramente o PSD o líder + forte possíve de uma coligação que não incluirá necessariamente (apenas ou de todo) o CDS, mesmo que essa coligação seja numericamente viável…

  17. Libertas:

    “Sendo o PS o partido + votado e se PS+CDU+BE tiverem maioria, é evidente que nunca haverá governo PSD+CDS (nem entendo esta possibilidade).”

    Imagine um resultado assim: PS 36; PSD 35; CDS 11; CDU 7; BE 6 (mais ou menos a ultima sondagem, mas trocando o PS com o PSD).

    Um resultado desses em Faro daria 4 deputados para o PS, 4 para o PSD e 1 para o CDS; mais uns resultados desses por todo o país e teriamos maioria absoluta PSD+CDS (tendo PS+CDU+BE mais votos).

  18. Libertas says:

    Miguel Madeira,
    Não tinha entendido. Quando falo em «maioria» falo em mandatos e não em votos. Agora, já compreendo a ideia do MM, mas não foi o PS que em 2005 teve a maioria dos deputados com 45% dos votos?

  19. diogo says:

    Pois é, Miguel Madeira e Libertas, é fácil isso acontecer. Também a AD em 1980 teve 45%. Mas em 2005 a ‘esquerda’ tinha quase 60% dos votos…

    Quanto ao comentário do Pedro Magalhães, parece que o problema no acordo PSD-PS ou PSD-PS-CDS é mesmo Sócrates. Pelo menos para os outros, se tomarmos a sério as palavras do líder do PS.
    O que tiver de ser, será…

  20. Teve, mas também ficou em primeiro lugar; um governo maioritário no parlamento não ter os votos da maioria do eleitorado é algo que o povo português aceita bem (já aconteceu pelo menos em 1979 e 2005, e talvez mesmo em 1980 e 2002); o que é atípico é mesmo não ser o partido mais votado a chefiar o governo.

    Mas agora junte-se uma situação que, por força do hábito, grande parte das pessoas iria achar ilegitima (o partido mais votado não ir para o governo) com haver logo à partida mais eleitores contra do que a favor do governo.

  21. diogo says:

    Pois, por isso mesmo fiz o comentário inicial acima. A batata pode ficar escaldante para Cavaco…

  22. A respeito de exemplos europeus – na Escandinávia é corrqiqueiro o Partido Social-Democrata (ou Trabalhista) ficar em primeiro lugar, mas os “partidos burgueses” terem a maioria e formarem uma coligação (até porque em muitos desse paises há uma grande concentração de votos à esquerda, enquanto a direita divide-se por 3 ou 4 partidos quase do mesmo tamanho). Mas, como tenho dito, a tradição cá é outra.

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