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Pedro Magalhães

O problema do PS nas eleições de 2015

Há dois posts atrás, mostrei como, na base do inquérito pós-eleitoral de 2015, o PS parece ter conseguido buscar alguns eleitores à abstenção mas esses ganhos mal terão chegado para compensar as perdas. Queria deixar uma pista sobre a razão pela qual isso poderá ter sucedido, baseado nos dados do inquérito.

Em primeiro lugar, sabemos que a evolução da economia nacional, real ou apercebida, tem uma forte influência no comportamento de voto. O tópico genérico no qual se enquadram centenas de artigos sobre o assunto é o chamado “voto económico” (uma bibliografia comentada sobre o tema). Sabemos também que, apesar de modesta, houve uma recuperação real da economia na segunda parte do mandato do anterior governo PSD/CDS, e que essa recuperação está correlacionada com uma contenção das perdas da coligação nas sondagens e com um estancar da subida no PS nessas sondagens, por volta de 2013. Também já tínhamos visto que essa evolução na economia real parecia ter sido detectada por pelo menos uma parte do eleitorado. É território já coberto aqui. Isto sugere uma hipótese genérica para a capacidade da PaF mitigar perdas (que foram grandes mas seriam certamente maiores se a hipótese da “espiral recessiva” se tivesse confirmado) e para a incapacidade do PS para capitalizar com essas perdas.

Mas o inquérito de 2015 dá algumas pistas adicionais. Comecemos por comparar a distribuição dos eleitores em torno da pergunta “Na sua opinião, nos últimos doze meses a situação da economia em Portugal melhorou, ficou na mesma ou piorou?” (aos que respondiam “melhorou” ou “piorou” era depois perguntado se achavam que tinha melhorado ou piorado “muito” ou “um pouco”) em 2011 e em 2015. Nitidamente, a opinião geral no pós-eleições em 2015 era pelo menos um pouco melhor do que em 2011:

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Mesmo assim, note-se, quase 50% dos eleitores acham que a situação da economia portuguesa piorou. Contudo, houve algo que impediu o PS de penetrar neste segmento do eleitorado que teria razões para punir o governo. Outra questão no inquérito era “Até que ponto acha que as seguintes instituições e situações são responsáveis pela situação da economia nos últimos anos?” As opções de resposta para cada uma das instituições eram “extremamente responsáveis”, “muito responsáveis”, “algo responsáveis”, “um pouco responsáveis” ou “nada responsáveis”. O gráfico seguinte mostra a percentagem de pessoas que responderam “extremamente” ou “muito” responsáveis para “o actual governo”, “o anterior governo do PS” ou “os partidos da oposição em geral” entre aqueles que achavam que a economia tinha piorado:

responsabilidade

Está aqui o primeiro problema do PS. Entre os que acham que a economia piorou (metade dos eleitores), 3 em cada 4 achavam que o governo PaF tinha muita responsabilidade, mas 1 em cada 2 que o governo anterior do PS também tinha muita responsabilidade. Não é fácil subir à custa da economia com este peso às costas.

Coexiste com este um problema conexo. Perguntou-se aos inquiridos, sobre Passos Coelho e sobre António Costa, até que ponto concordavam com a seguinte afirmação: “É um líder que sabe como fortalecer a economia do país“. O gráfico seguinte mostra a diferença entre os que concordaram com essa afirmação para Passos Coelho e os que concordaram para António Costa, primeiro entre o eleitorado em geral, depois entre aqueles que não declararam qualquer identificação com qualquer partido e ainda entre aqueles que não tinham votado em 2011:
compet

Passos Coelho tem sempre vantagem. Por outras palavras, há mais pessoas que associaram a liderança da PaF a competência económica do que a liderança do PS, e essa vantagem existe não apenas entre o eleitorado em geral mas também entre segmentos do eleitorado que o PS precisava captar para crescer mais em 2015.

Um último gráfico, para mostrar as consequências disto:
gap PaF economia

Entre os que achavam que a economia melhorou, a vantagem da PaF em votos válidos foi enorme (47 pontos). Mas há uma assimetria nos efeitos da percepção da economia: entre os que acham que a economia piorou, a vantagem do PS foi muito mais pequena (10 pontos). Aparentemente, porque muitos deles consideram o anterior governo do PS responsável (e entre esses a vantagem do PS é anulada) e muitos não reconheceram competência económica a Costa (e entre esses a PaF chega a ficar à frente).

Em suma, não foi apenas o facto de ter havido indicações de que a economia estava a melhorar e pessoas que o detectaram que mitigou a queda da PaF e impediu uma maior subida do PS. Mesmo entre aqueles que não se aperceberam de qualquer melhoria, o crescimento do PS foi impedido pela percepção de que o seu anterior governo tinha responsabilidades na má situação económica e de que a Costa e faltava competência nesse domínio. Há uns meses, antes da eleição, especulei que aquilo que estava a impedir o PS de subir nas sondagens era algo semelhante ao que se tinha passado com os Trabalhistas em Inglaterra: a instalação de um “gap” na percepção de competência económica entre partidos, que remontava ao início da crise económica e que, apesar da passagem do tempo e das mudanças de líderes, não se dissolveria facilmente. Fui agora à procura de indícios que confirmassem essa especulação. Não sei se concordam, mas acho que eles existem.

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