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Pedro Magalhães

Redistribuindo indecisos na Aximage e outros assuntos

A Aximage apresenta a distribuição das intenções de voto por partido excluindo os presumíveis ou declarados abstencionistas mas deixando no denominador os que não sabem em que partido votariam (os “indecisos”). No Popstar, temos até agora introduzido os resultados tal como a Aximage os divulga. Fizemos isso porque, do ponto dinâmico, para as nossas estimativas, isso não faz diferença, e também porque nos custa impor pressuposições que os autores das sondagens não partilham. Mas de um ponto de vista estático isto faz diferença: os resultados da Aximage, por incluírem indecisos, não são directamente comparáveis aos das outras empresas desse ponto de vista e, no geral, contribuem para baixar as estimativas de todos os partidos em cada momento.

Assim, decidimos fazer essa redistribuição desde que há sondagens para a coligação, e calcular a partir de hoje o filtro com os novos dados. O efeito em relação às estimativas anteriores é muito simples: todos sobem proporcionalmente à sua dimensão, como seria de esperar quando se redistribuem indecisos pelas opções de voto proporcionalmente (o que é equivalente a pressupor que não votam, uma pressuposição heróica, mas a única que podemos adoptar com a informação que temos). Nada muda de fundamental, mas passamos a lidar com dados comparáveis para todas as empresas. Assim, as nossas novas estimativas, com os novos intervalos de confiança:

PSD/CDS: 37,8% [32,1%, 43,5%]

PS: 36,1% [32,2%, 40%]

CDU: 9.1% [7,3%, 10,8%]

BE: 5.6% [3,7%, 7,5%]

PDR: 2.5% [1,1%, 4%]

Livre: 1,9% [0,4%, 3,3%]

Recordem que há bastante tempo que não temos informação nova sobre o PDR ou o Livre.

Outra coisa: reparem nos intervalos de confiança. São amplos, mais amplos do que se justificaria se fossem calculados apenas tendo em conta o erro amostral, especialmente aquele que decorre da agregação de várias amostras (mesmo que pequenas). E não são igualmente amplos para todos os partidos (isso seria sempre assim, mesmo que o intervalo de confiança fosse calculado apenas na base do erro amostral, mas neste caso há uma razão adicional). Na estimação usando o filtro de Kalman, não presumimos que a única fonte de erro é o erro amostral, mas estimamos também uma constante adicional para cada partido que procura captar o erro não-amostral (causado por enviesamentos na construção da amostra, erros de medição, etc). Sucede que, à excepção da CDU, como explicado ontem, este valor é estatisticamente significativo, aumentando os intervalos de confiança em relação ao que seria de esperar se estivéssemos apenas a lidar com erro aleatório.

One Commment

  1. […] especialmente tendo em conta que são estimados de forma “conservadora”, ou seja, sendo mais amplos do que seria determinado exclusivamente por erro amostral. Por outras palavras, são ínfimas as dúvidas de que, na população, haja mais pessoas que […]

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