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Pedro Magalhães

Trump vs. Biden: as variáveis decisivas

Expresso, 2/11/20

Sobre o futuro, a escola de pensamento mais sensata é a de um antigo lateral-direito do Futebol Clube do Porto: “prognósticos, só no fim do jogo”. Dito isto, o que se sabe sobre as eleições americanas de amanhã? 

1. Popularidade. Trump não é um presidente popular. É certo que a sua impopularidade é diferente da sofrida por presidentes anteriores. O eleitorado está mais tribalizado do que nunca, o que explica que os níveis de aprovação de Trump sejam tão estáveis ao longo do tempo: grande parte das pessoas tem uma opinião inamovível sobre ele, seja ela positiva ou negativa. Mas também é verdade que, desde que existem dados sobre o tema, só Jimmy Carter (1977-81) tinha valores mais baixos quando se apresentou à reeleição. Até Gerald Ford (1974-77) e George H.W. Bush (1989-93) superavam a popularidade de Trump. E o facto é que nem Carter, nem Ford, nem Bush pai foram reeleitos. 

Charles Franklin: https://twitter.com/PollsAndVotes/status/1319482449097797632/photo/1

2. Economia. Os Estados Unidos estão a passar pela sexta recessão dos últimos 40 anos. O valor atual do índice de confiança dos consumidores é o quarto mais baixo verificado às vésperas de uma eleição presidencial desde que existem dados sobre o assunto. Nos outros três casos — 1980, 1992 e 2008 — os candidatos do partido presidencial (Carter, Bush pai e McCain) perderam as eleições. É certo que, para que a economia dê azo a um castigo (ou recompensa), é preciso que os eleitores atribuam a responsabilidade ao presidente, e a excecionalidade das circunstâncias atuais pode, em parte, exonerá-lo. Ainda em Fevereiro passado, a avaliação que os americanos faziam do estado da economia era melhor do que em 2004 e 2012, quando George W. Bush e Obama (respetivamente) conquistaram um segundo mandato. Mas o mínimo que se pode dizer é que, no momento atual, a economia não vai fazer por Trump aquilo que poderia fazer se as circunstâncias fossem outras.

3. Bases de apoio. O que diziam as sondagens nacionais em 2016? No Domingo antes do voto, uma média simples apontava para que Hillary Clinton tivesse cerca de dois pontos percentuais de vantagem sobre Trump. A candidata tinha um desempenho especialmente bom entre as mulheres (superior até ao de Obama em 2012), mas piores resultados do que o presidente cessante entre os chamados “independentes” (eleitores sem simpatia partidária), entre os hispânicos e – muito especialmente – entre os eleitores brancos com baixos níveis de instrução. Essas indicações das sondagens (realizadas antes das eleições) vieram a confirmar-se integralmente nos estudos pós-eleitorais.

Ontem, uma média simples das sondagens nacionais dava sete pontos de diferença a favor de Biden. De onde vem esta vantagem acrescida? Não é claro que Biden esteja a melhorar o desempenho do Partido Democrata entre os eleitores brancos de classe trabalhadora, justamente aqueles que há quatro anos ajudaram a vitória de Trump no Michigan, no Wisconsin e na Pensilvânia. Contudo, entre os “independentes” a vantagem de Biden é desta vez clara, de acordo com quase todos os estudos. Outro aspeto é que, nas sondagens pré-eleitorais, Biden parece ter um desempenho excecional – se comparado com Hillary ou mesmo com Obama – entre os eleitores brancos com ensino superior. Aliás, se há um dado quase certo em relação às eleições da próxima terça-feira, é que a relação entre o grau de instrução e o voto se vai tornar ainda mais forte do que já foi há quatro anos.

4. A mobilização do eleitorado negro. Em 2016, para compensar as perdas sofridas entre o eleitorado branco menos instruído, Hillary precisava de ter conseguido manter uma forte participação dos negros; porém, essa participação baixou, sobretudo em estados como o Michigan e o Wisconsin, onde teria sido crucial. É muito difícil prever se os eleitores vão votar – ainda mais difícil do que prever em quem eles irão votar – e as circunstâncias da pandemia, com o recurso generalizado ao voto antecipado e por correio, só complicam as coisas. Neste aspeto, as indicações de que dispomos são ambivalentes. Se há estudos que mostram que os eleitores que se identificam com o partido Democrata estão mais entusiasmados – seja em comparação com 2016, seja em comparação com os republicanos – há outros que sugerem que as diferenças são pequenas. Os eleitores negros (e hispânicos), especialmente os mais jovens, declaram-se menos motivados para votar do que os eleitores brancos. É quase impossível que Biden consiga gerar junto do eleitorado negro a mesma mobilização que Obama. Mas conseguirá superar Hillary? Essa é uma das grandes dúvidas.

5. Os erros das sondagens. Hillary ganhou o voto popular por dois pontos, muito perto daquilo que as sondagens lhe atribuíam. E no entanto isso não foi suficiente, visto que o vencedor é determinado pelo colégio eleito estado a estado, não pelo voto nacional. Em 2016, nos 13 estados mais competitivos (em que a diferença absoluta entre Trump e Hillary acabou por ser inferior a seis pontos percentuais), a candidata democrata tinha sondagens que lhe davam vantagem em sete. Desses, ganhou apenas quatro, perdendo Pensilvânia, Michigan e Wisconsin. A média das sondagens finais nesses estados dava-lhe vantagem por 1,9, por 3,4 e por 6,5 pontos, respetivamente. Trump acabaria por ganhar por 0,3 pontos no Michigan e 0,7 pontos na Pensilvânia e no Wisconsin. Essas pequenas margens foram cruciais, visto que, tal como sucede em quase todos os casos, basta ganhar por um voto para recolher todos os votos no colégio eleitoral correspondentes a esses estados.

Temos hoje uma ideia clara do que aconteceu com as sondagens. Por um lado, o trabalho de campo terminou demasiado cedo: graças aos estudos pós-eleitorais, sabemos agora que mais de 10% dos eleitores nestes estados cruciais tomaram a sua decisão só na última semana, e que Trump levou clara vantagem entre os decisores tardios. Por outro lado, sabe-se também que em muitas sondagens as amostras não tiveram devidamente em conta a sobrerrepresentação dos inquiridos com níveis de educação mais elevados. Os eleitores mais instruídos estavam não só mais predispostos a votar em Hillary, mas também mais disponíveis para responder aos inquéritos, e o resultado disso foi uma sobrestimação do voto Democrata.

Desde então, várias empresas de sondagens passaram a ponderar as amostras de acordo com o nível de instrução. Além disso, o número de sondagens aumentou: mais empresas de maior qualidade estão a trabalhar até mais tarde nos estados mais disputados. Mas, como diz o responsável de um dos melhores institutos americanos, “é possível que estejamos agora a disputar a batalha passada”. Cada eleição traz os seus problemas, e há sempre o risco de que as soluções encontradas para dificuldades antigas venham a provocar erros novos.

6. Os estados decisivos. De acordo com os resultados médios das últimas sondagens de ontem, Biden estava em vantagem sobre Trump em todos os treze estados que foram mais competitivos em 2016. Em nove casos, a diferença é de mais de três pontos percentuais. Se imaginarmos — com prudência, mas também alguma ingenuidade — que os erros cometidos em 2016 pudessem repetir-se agora, mesmo assim Biden manteria vantagem em onze estados, incluindo os temidos Michigan e Pensilvânia. Contudo, nesse cenário, a sua vantagem seria muito reduzida em vários estados. Ambas as candidaturas já recrutaram centenas de advogados preparados para contestar as eleições, e se há coisa em que Trump tem sido transparente é na sua disponibilidade para perseguir essa estratégia até às suas últimas consequências. À incerteza das sondagens junta-se assim a incerteza sobre as implicações jurídicas de resultados que não sejam inequivocamente claros.

Em suma, muitas coisas nesta eleição jogam a favor de Joe Biden, muito mais do que jogavam a favor de Hillary Clinton há quatro anos. Nestes assuntos, porém, quem tem sempre razão é o João Pinto.

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