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Pedro Magalhães

2002

E para terminar a ronda pelas últimas sondagens publicadas antes das legislativas, eis as de 2002:

Em síntese:

1. Em média, os desvios absolutos cometidos pelas sondagens na estimação dos resultados dos cinco maiores partidos foi de 1,7%. Católica foi quem mais se aproximou(1% de desvio absoluto médio);

2. Em média, as sondagens sobrestimaram a margem de vitória do PSD em 2,9%. A Eurosondagem foi que mais se aproximou da margem real.

3. Lusófona e Eurequipa foram as únicas que apanharam claramente o CDS à frente da CDU.

Espero que isto tenha sido de alguma utilidade. Há quem duvide disso, recorrendo ao argumento de que “sondagens não são previsões”, não devendo por isso ser comparadas com resultados eleitorais, ou mesmo alegando que as próprias sondagens geram efeitos que levam à sua menor precisão, o que tornaria o seu confronto com os resultados “injusto”.

Não concordo nada com estes argumentos. Sondagens realizadas num mesmo momento estão em pé de igualdade no que respeita à sua (in)capacidade de previsão. E no entanto, umas aproximam-se mais do que outras dos resultados. Porquê? Pode ser um acaso. Mas quando as margens de erro amostral são claramente ultrapassadas por umas sondagens e não por outras, não haverá razões para tal, ligadas aos métodos utilizados ou à sua incapacidade para lidar com fenómenos sociopolíticos que geram imprecisão (a abstenção diferencial, a espiral do silêncio, os próprios efeitos das sondagens sobre os comportamentos)? Se não compararmos sondagens e métodos, como podemos aprender a melhorá-las?

Três últimos pontos antes do dilúvio de hoje e amanhã:

1. Parece-me evidente a melhoria na precisão da informação fornecida aos eleitores acerca das intenções de voto nas legislativas desde 1991.

2. Introduzir de “factores de correcção” nas sondagens actuais na base de informação passada constitui um enorme risco. Todos os partidos já foram alguma vez sobre e subestimados, enquanto vencedores ou derrotados, enquanto favoritos ou não. Como saber como e quando a “correcção” vai ser útil ou, pelo contrário, produzir ainda maiores distorções?

3. Não há, desde 1991, um partido que seja uniformemente e sistematicamente subestimado nas sondagens. É certo que, desde 1999, isso tem sucedido com o CDS. Acontecerá o mesmo desta vez?

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