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Pedro Magalhães

Eurosondagem, 8 de Janeiro

Se é para falar de sondagens, é melhor começar já com a que saíu ontem, 8 de Janeiro, 2005: Eurosondagem, para o Expresso, SIC e Rádio Renascença. Resultados tal como destacados pelo jornal:



PS: 46%

PSD: 33%

CDU: 6,9%

CDS: 6,3%

BE: 4,5%



Algumas notas iniciais:



1. A soma disto dá 96,7%. Presume-se que os 3,3% que faltam correspondem apenas aos inquiridos que declaram tencionar votar nulo, branco ou noutros partidos. Não cabem aqui “indecisos” porque, como nos é indicado no texto, estes resultados resultam de “projecção dos resultados num exercício meramente matemático de distribuição dos 8,4% NS/NR”. Em português corrente, isto deve querer dizer que esses 8,3% foram redistribuidos proporcionalmente pelas restantes opções. Assim temos:

PS: 42,2%

PSD: 30,3%

CDU: 6,3%

CDS:5,8%

BE:4,1%

OBN:3,0%

Não sabe/não responde:8,3%

Suponho isto porque é assim que a Eurosondagem costuma lidar com os indecisos, e não porque haja algo na notícia ou na ficha técnica que nos diga se assim foi. Não deveria haver?

2. Outra coisa que convém assinalar – e confesso que nem sempre assim pensei ou agi – é que apresentar resultados de sondagens destas com casas decimais me parece um bocado absurdo.

Vejamos: esta sondagem tem uma amostra de 2010 inquiridos. Se a amostragem tivesse sido puramente aleatória (o que nunca sucede, e a isto voltaremos), isto significaria que está associada aos resultados da sondagem uma margem de erro máxima de 2,19% com um grau de probabilidade de 95%. O que isto significa é que há 95% de chances que, caso todos os eleitores tivessem tido igual probabilidade de serem seleccionados para responder a esta sondagem, o erro máximo cometido na estimação das intenções reais de voto dos eleitores não tenha ultrapassado os 2,19%.

Observemos agora os resultados apresentados para a CDU: 6,9%. Com uma amostra aleatória de 2010 inquiridos, a margem de erro associada a esta estimação concreta para a CDU é de 1,1% (e não 2,19%, que é a margem de erro máxima). Ou seja: esta sondagem diz-nos que há 95% de chances que o resultado da CDU esteja entre os 8% e os 5,8%. Se assim é, porquê o preciosismo de 6,9%. Arredondar para 7%, não chega? Colocar casas decimais nestas circunstâncias é dar uma ilusão de precisão que os dados não justificam.


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