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Pedro Magalhães

Lisboa: legislativas e autárquicas

Só para irmos pensando: a comparação entre o resultado do partido de governo nas eleições legislativas e na eleição subsequente para a câmara municipal, sempre no concelho de Lisboa. Quando há coligações num lado (governo) ou noutro (câmara), comparam-se os resultados das somas dos partidos que as compõem. O que importa é que o partido de governo esteja sempre de um lado e do outro.

Partidos de governo ou coligações contendo partidos de governo têm sempre, no concelho de Lisboa, piores resultados nas autárquicas do que nas legislativas precedentes, com duas excepções: as eleições separadas por dias ou poucos meses: 1979 e 1985. As “punições” maiores sofridas pelo governo, se quisermos chamar-lhes assim – 1991/1993 e 2005 – foram sofridas por partidos que governavam sozinhos e concorreram sozinhos à câmara de Lisboa.

Isto encaixa muito bem com a ideia de que as autárquicas são eleições de “segunda-ordem”:

– por serem vistas como menos importantes do que as legislativas, dão incentivos a que potenciais apoiantes do governo as usem para exprimir a sua insatisfação;

– insatisfação a exprimir é menor em períodos de “lua de mel” governamental: autárquicas realizadas pouco depois das legislativas têm menor ou nula punição. 2005 parece excepção, e é. Mas a “lua de mel” deste governo socialista durou pouco ou, se quisermos, o resultado excepcionalmente baixo de 2005 em Lisboa dá a medida de quão mal correu a campanha ao PS;

– também por serem vistas como menos importantes, autrárquicas retiram incentivos para voto estratégico nos maiores partidos. Daí, dir-se-ia, a razão pela qual as punições do governo são “mitigada” com coligações.

Mas cuidado com a extracção de implicações para 15 de Julho:

1. Estas eleições estão rodeadas de maior dramatização do que é habitual: candidato do PS é ex-membro destacado do governo;
2. Eleições atípicas em comparação com as outras autárquicas.

Mas é só para irmos pensando.

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