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Pedro Magalhães

Outlier: O Museu Broad

Com as leituras atrasadas, só agora cheguei a um artigo da NYRB sobre um novo museu integrado no Los Angeles County Museum of Art (LACMA), o Broad Contemporary Art Museum. “Broad” (lê-se como “road”) é o nome de um senhor chamado Eli Broad, um bilionário americano que fez fortuna com negócios imobiliários e com forte pendor para a filantropia. O senhor Broad e a sua mulher Edythe têm uma colecção de arte contemporânea muito boa (ou pelo menos com coisas muito caras de nomes muito conhecidos), sendo que a maior parte das peças pertence a uma fundação com o seu nome, cuja missão consiste em emprestar arte contemporânea a museus públicos. So far so good.

Sucede que o senhor Broad achou que seria ainda melhor se tivesse um local onde pudesse mostrar em permanência muitas das suas valiosas peças. Deu então 56 milhões de dólares (cerca de 1% da sua fortuna) ao LACMA, instituição a cujo board of directors já pertencia, para construir um novo museu, com o seu nome, desenhado por um arquitecto por si escolhido (Renzo Piano). Entretanto, a directora do LACMA foi ejectada da instituição, ao que parece devido a conflitos com…Broad. A coisa construiu-se, e Broad comprometeu-se a gastar mais 10 milhões em aquisições.

Contudo, um mês antes da inauguração, o senhor Broad anunciou que, afinal, em vez de doar as obras ao LACMA, vai apenas emprestá-las, ao abrigo do modelo genérico que já tinha adoptado para a sua Fundação, sendo que todos os custos de operação são a cargo do LACMA, ou seja, dos contribuintes californianos. No NYRB, a coisa comenta-se assim:

The Los Angeles County Museum of Art receives substantial public funds and many of its staff members are civil service employees of Los Angeles County. Thus the parties who acceded to Broad’s de facto privatization of a big chunk of LACMA—the cultural equivalent of a leveraged buyout, or taking a public company private—have done a grave disservice to the taxpayers of the county, who, whether they like it or not, will be footing the bill for much of Broad’s monument to himself. It has long been customary for benefactors rich enough to have a museum named after them to provide an endowment for the upkeep of the building in perpetuity. The annual expense of such unglamorous necessities as utilities, cleaning, maintenance, guards, liability insurance, and other carrying charges is so daunting that many collectors who fantasized about founding a private museum have fallen into the arms of established institutions once they realized what autonomy would cost them. Strange as it may seem to those unfamiliar with the ways of American museums, art world veterans agree that Eli Broad pulled off an enviable deal for approximately $60 million.

Ao que parece, o edifício está muitos furos abaixo de anteriores museus de Renzo Piano. E a opinião do NYT sobre a exposição é a que se pode ler abaixo:

The works are intended to reflect the Broads’ penchant for collecting in depth. But the accumulation reads foremost as a display of pricey trophies, greatest hits of the present and recent past.

Enfim, coisas que acontecem muito longe daqui.

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