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Pedro Magalhães

Parêntesis

Perdoem uma curta nota não directamente relacionada com sondagens, mas não resisto. Estou profundamente intrigado com algumas opções tomadas pelo PSD nesta campanha eleitoral. O problema não são os cartazes da JSD, de que, por acaso, eu também gosto, neste sentido: a melhor arma que se pode ter contra este PS é a do regresso da chamada “tralha guterrista”. Mas os problemas são outros, a saber:

1. Eu percebo que é desagradável ter sondagens que dão a derrota como “certa”, e suspeito que isso tem custos importantes, como já disse. Mas desse ponto de vista, o mal está feito. Sendo assim, não percebo a insistência na ideia de que há sondagens que dizem que o PSD se está a “aproximar” do PS ou de que PSD e CDS podem ter tantos votos juntos como o PS. Será que quem lidera o PSD não percebe que a melhor arma que tem no momento é precisamente a percepção de que as eleições já estão resolvidas? Será que não entende que quanto mais clara for essa percepção menores são os incentivos para um voto estratégico no PS e para a mobilização contra a continuidade de um governo PSD-CDS? E será que não entende que quanto piores forem as sondagens menor vai ser a desilusão com o resultado do PSD no dia 20 e, logo, maior a possibilidade de que Santana Lopes continue a ser líder do partido? Ou será que o Primeiro-Ministro está iludido ao ponto de achar que a conversão destas eleições num puro referendo à sua continuidade no poder beneficia o PSD?

2. Também não entendo a relutância em relação às campanhas de rua. Uma das coisas que quem estuda campanhas eleitorais sabe é que hoje em dia, em países como o Japão ou os Estados Unidos, as campanhas já não são “modernas”: são “pós-modernas”. Isso significa que combinam elementos “modernos” (o apelo directo através dos meios de comunicação, direccionado ao eleitorado “flutuante” do centro) com elementos “pré-modernos” (a mobilização porta-a-porta, o contacto directo, não com o objectivo de atraír novos eleitores, mas sim garantir que as bases do partido vão às urnas no dia das eleições). E precisamente quando a maior fonte de perdas eleitorais para o PSD será, certamente, a abstenção do seu eleitorado tradicional, quando quase de certeza já não há “indecisos” entre o PS e o PSD, por que razão se julga ser dispensável o contacto directo e de rua?

Mas talvez seja eu quem esteja enganado. Afinal, há no PSD gente com muita experiência política que saberá muito melhor o que fazer do que eu, que tudo o que sei, sei de livros e ponto final. Ou não?

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